24/10/2024 - Mão de Obra
A falta de trabalhadores experientes na construção civil tornou-se o novo fator de pressão nos custos de produção de imóveis, e tem impactado os preços de projetos e lançamentos em 2024. O aquecimento do mercado imobiliário e a alta ocupação no país contribuem para a escassez, aponta o setor.
“O operário da construção civil precisa saber operar equipamentos atualizados e mais tecnológicos, e trabalhar em um ambiente mais sofisticado, tecnicamente falando”, explica Ely Wertheim, presidente-executivo do Secovi-SP (Sindicato das Empresas de Compra, Venda e Administração de Imóveis).
A construção civil brasileira apresenta a maior rotatividade de mão de obra no país, com taxa de 65,66% nos 12 meses até agosto, segundo a Tendências Consultoria. Isso tem pressionado as empresas a oferecerem melhores salários para atrair trabalhadores.
“Essa escassez de mão de obra começou na crise de 2015 e se agravou muito durante a pandemia, quando muitas pessoas saíram do setor de construção civil e não voltaram mais”, complementa Yorki Estefan, presidente do Sinduscon-SP, sindicato que representa a indústria no Estado de São Paulo.
Para solucionar o desafio, o setor busca intensificar a capacitação de profissionais, com treinamentos e cursos. Estefan, do Sinduscon-SP, conta que a entidade tem parceria com o Senai e tem incentivo mulheres de baixa renda a entrarem no segmento. “Devemos criar com o Governo do Estado de São Paulo um grupo de ensino profissionalizante totalmente voltado para a construção civil a partir de 2026″, afirma.
A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CICB) está também desenvolvendo uma pesquisa nacional para entender as motivações dos trabalhadores. “Queremos entender as motivações do trabalhador da construção civil. O que o retém, o que o afasta, por que ele trabalha no setor e qual a sua origem”, afirma Renato Correia, presidente da CBIC.
O INCC-M (Índice Nacional de Custo da Construção – M) da FGV (Fundação Getulio Vargas) registrou alta de 0,61% em setembro, impulsionada pelo aumento dos gastos com mão de obra. Esse cenário deve continuar refletindo nos preços dos imóveis, que já apresentaram valorização de 7,15% em 12 meses, conforme o Índice FipeZap.
Fonte: Fonte: g1